É possível rodar uma agência de marketing sem funcionários?
Sem funcionários, sem freelancers, apenas um empreendedor e uma tech stack focada em IA. Será que funciona? Já tem gente testando esse tipo de modelo focado em startups lá no Vale do Silício.
Recentemente, vi um episódio do podcast "Marketing Against the Grain" da Hubspot, onde eles entrevistaram Barbara Jovanovic da Startup Cookie, uma empreendedora que está rodando uma agência de marketing B2B com faturamento de seis dígitos (em dólares) sem funcionários. Só ela, seu cofundador para realizar entrevistas, e um conjunto de ferramentas de IA.
O que motivou essa abordagem disruptiva?
Barbara tinha um desafio que muitos de nós em marketing conhecemos bem: como head de conteúdo de uma startup financiada pela Y Combinator, ela gerenciava uma equipe inteira apenas para manter um cronograma básico de conteúdo - um post de blog semanal, algumas publicações em redes sociais, emails. Parecido com a sua rotina? Outras dores que ela tinha:
Escritores freelancers entregando conteúdo que precisava ser reescrito em 60-70%;
Um ciclo lento de briefing, feedback e espera por entregas;
Um time custoso incluindo SEO, copywriters, designers, editores de vídeo e áudio;
Muito tempo gasto gerenciando pessoas em vez de criando valor estratégico.
Quando o ChatGPT surgiu, ela teve um insight: e se pudesse eliminar toda essa camada de gestão e produzir conteúdo de qualidade por conta própria, com ajuda da IA?
Como funciona uma agência sem funcionários?
O workflow da Barbara é muito interessante em sua simplicidade:
1. Obtenção de insights autênticos: Seu cofundador conduz entrevistas mensais de uma hora com os fundadores das empresas clientes, capturando suas visões, aprendizados e posicionamentos sobre temas relevantes
2. Processamento do material bruto: Usando ferramentas como Riverside e Granola.ai para gravação e transcrição, ela obtém o material base para todo o conteúdo
3. Extração de insights: Usando ChatGPT e Claude, ela analisa as transcrições para identificar os tópicos mais valiosos e únicos abordados na conversa
4. Multiplicação do conteúdo: A partir desses insights centrais, ela desdobra em diversos formatos - posts para LinkedIn, Twitter, sequências de email, artigos para blog, etc.
5. Otimização e finalização: Para conteúdo específico como posts de blog, ela usa ferramentas de SEO baseadas em IA para otimização de keywords e MidJourney para criação de imagens
O mais interessante é que essa abordagem não apenas substitui um time tradicional de conteúdo, mas segundo Barbara, entrega resultados superiores em velocidade e qualidade.
O modelo é replicável no Brasil?
Aqui temos um ponto importante para reflexão. Esse modelo nasceu no Vale do Silício, onde há:
1. Maior aceitação da inovação: Clientes do setor de tecnologia mais focados nos resultados do que no processo
2. Profissionais com mentalidade específica: O papel do "orquestrador de IA" exige uma combinação rara de habilidades estratégicas, de curadoria e técnicas
3. Velocidade como valor central: O modelo permite testar canais e formatos de conteúdo muito mais rapidamente
No Brasil, provavelmente enfrentaríamos desafios adicionais:
Nosso mercado ainda tem menos "DNA digital" e pode questionar mais o processo de criação, com maior receio em relação ao formato das entregas, por serem de IA
O setor de tecnologia seria mais receptivo inicialmente, mas outros setores demandariam mais prova de conceito
A parte visual (design consistente com brand guidelines) ainda é um desafio para a IA atual, acho que precisaria de um profissional apoiando na criação
O modelo de negócio de serviços eventualmente encontra um gargalo na capacidade humana de realizar as entrevistas estratégicas
Tá, mas eu não sou dono de agência. O que isso tem a ver comigo?
Esse caso é um exemplo claro de como a IA está remodelando profundamente o mercado de trabalho em marketing. Se você é um profissional de marketing, vale refletir:
1. Como você pode desenvolver as habilidades de "orquestração de IA" que serão cada vez mais valiosas?
2. Que partes do seu trabalho atual podem ser automatizadas, liberando seu tempo para tarefas mais estratégicas?
3. Quais oportunidades empreendedoras você pode vislumbrar combinando seu conhecimento de mercado com ferramentas de IA?
E para donos de agências tradicionais, essa foi a reflexão que eu tirei: como você pode incorporar esses aprendizados para reduzir custos sem sacrificar qualidade? Talvez um modelo híbrido seja o primeiro passo: menos profissionais focados em tarefas de especialistas, e mais generalistas que tem bom pensamento estratégico de marketing apoiados por automação inteligente.
Se você é esse tipo de profissional, por que não fazer um MVP e tentar rodar esse tipo de agência? Confira o episódio completo do podcast na íntegra.
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